sábado, 22 de setembro de 2012

Exercícios Físicos Via Oral

Ilustração fictícia de um comprimido de Irisina.
               A revista Nature divulgou no início do ano de 2012, uma reportagem baseada na descoberta de pesquisadores do Instituto do Câncer Dana Farber, nos Estados Unidos, sobre utilização de um hormônio metabólico batizado de Irisina. O qual foi aclamado como um possível medicamento que poderá salvar vidas de pessoas que sofrem de doenças relacionadas ao metabolismo e alimentação.
           Irisina é um hormônio produzido pelo próprio corpo humano, presente também em outros mamíferos, que tem como principal função: a transformação do tecido adiposo, a fim de gerar aumento da temperatura corporal e consequentemente consumir energia armazenada.
          Em mais detalhes, o tecido adiposo é composto por gordura de dois tipo: a amarela, que armazena energia, e é indispensável para um ser humano saudável; e a gordura marrom, ou também conhecida como gordura boa, que ao invés de armazenar energia, a utiliza. Esta, está muito presente em bebês, e diminui gradativamente com a idade, já que a gordura amarela armazena energia suficiente para que o metabolismo a utilize e transforme em calor. 
             Sabe-se que os bebês precisam gerar maior temperatura corporal contra o frio externo. E tal reação se dá pelo constante tremor dos mesmos quando expostos a ambientes mais frios, onde o hormônio, até então de utilidade incerta, age nas células de gordura amarela, as transformando em gordura marrom. As quais ainda voltam a utilizar a energia armazenada para elevar a temperatura.
Ilustração das áreas com maior quantidade de Tecido Adiposo Marrom (TAM)  em bebês.


          E da mesma forma acontece quando um ser humano adulto pratica exercícios físicos. O repetitivo estímulo muscular libera o hormônio, em pequena quantidade, o qual inicia um processo lento de transformação da gordura amarela. E a partir disso, pesquisadores se interessaram em como seria utilizar a Irisina em uma escala maior. E para isso, tiveram de reproduzir o hormônio, a partir de proteínas envolvidas no metabolismo.
               A reprodução do hormônio foi declarada um sucesso, assim que os pesquisadores injetaram-no no organismo de ratos cobaias, os quais foram mantidos sob uma dieta altamente energética e em regime sedentário. Ou seja, eram ratos com sobrepeso e impossibilitados de "queimar" gordura. Em pouco tempo, os ratos começaram a apresentar uma diminuição nos níveis de açúcar e lipídios no sangue, assim como perderam peso, em consequência da diminuição de gordura amarela. 
              Com tal resultado surpreendente, os cientistas iniciaram a pesquisa para se certificarem de que a Irisina poderia ser um medicamento para utilização humana. E descobriram que a proteína utilizada para a produção em maior escala do hormônio, é a mesma tanto no organismo dos ratos como no organismo humano. Logo, o hormônio naturalmente produzido, possui exatamente a mesma composição.
           Os responsáveis sobre a pesquisa deixaram claro que a utilização da Irisina quando for inserida no mercado, será um medicamento de prescrição médica, para pacientes com dificuldade de locomoção ou distúrbios metabólicos. Ou seja, pessoas que não conseguem "queimar" gordura e/ou utilizar a energia.
             Deixaram claro também, que ainda pode levar um bom tempo até que o medicamento seja autorizado. Pois, apesar de que o hormônio seja produzido pelo organismo, ele se encontra em baixas quantidades. E ingerir uma cápsula com anormal quantidade do mesmo, pode ativar uma defesa do sistema imunológico contra a substância. Por isso, os pesquisadores devem encontrar a maneira mais eficaz de se aplicar o composto. O que ficou claro, é que não irão utilizar a mesma técnica que utilizaram com as cobaias, que foi "ligar" o hormônio a vírus que espalhavam-no pelas células.

Esquema do teste em ratos,

                Resta agora, aguardar os resultados. E torcer para que o medicamento seja eficaz, para que possa salvar a vida de milhões de pessoas com distúrbios alimentares.

Por Lucas H.



Fontes:

Nenhum comentário:

Postar um comentário