terça-feira, 20 de novembro de 2012

Progéria e a nova chance


     A rara síndrome de Hutchinson-Gilford, ou Progéria (do grego: velhice) é provocada por uma mutação do gene LMNA (pronuncia-se lamin-a), presente no cromossomo 1. É considerada, por certas vertentes, uma doença genética dominante autossômica. Entretanto, segundo pesquisadores, parece não haver relação com algum fator hereditário. Classificando-a, então, como uma mutação “de novo”.
Hayley Okines, uma das mais famosas crianças que
sofrem da síndrome de Hutchinson -Gilford.
     Uma mutação é verificada quando ocorrem alterações no material genético, como uma simples deleção, inserção ou substituição de uma base nitrogenada de um nucleotídeo que compõe o DNA. No caso da Progéria, ocorre simplesmente a substituição de uma C (citosina) por uma T (timina), sendo que o gene LMNA é composto por 25000 pares de bases.
     O gene LMNA sintetiza duas proteínas: Prelamina A e Prelamina C. Elas são responsáveis pela estabilidade estrutural das membranas dos núcleos das células. O problema nos afetados é que um “grupo farnesyl” é adicionado à proteína Prelamina A, para realizar a ligação com a membrana nuclear, em consequência da falta de 50 aminoácidos em sua composição normal. Isso a transforma na chamada Progerina. A qual não se adéqua à membrana nuclear de forma correta, e permanece grudada a ela, impedindo comportamentos e funções normais da célula.

Esquema indicativo dos sintomas da síndrome de Hutchinson-Gilford.
     
     A Progéria é considerada fatal, em razão do rápido envelhecimento celular, e da alta propensão à arteriosclerose, paradas cardíacas, e AVC. Esses fatores costumam não permitir que os afetados vivam até os 15 anos de idade. Isso, sem contar com outras características da síndrome, como: nanismo; ausência de pelos e cabelo; nariz em forma de bico; face e mandíbula pequenas em relação à cabeça; má formação da arcada dentária; pele de aspecto envelhecido; dificuldade de formação de tecido adiposo; e sistemas cardiovascular, muscular e esquelético frágeis e mal desenvolvidos.
       Felizmente, em Setembro de 2012, o “Proceedings of the National Academy of Sciences”, dos EUA, divulgou que uma droga com um composto chamado “farnesyltransferase inhibitor (FTI)”, o mesmo utilizado no tratamento contra o câncer, apresentou avanços notáveis no quadro dos afetados, depois do estudo de dois anos e meio, com 28 crianças de 16 países diferentes (75% dos afetados vivos).
     A medicação oral, intitulada de “Lonafarnib”, possui uma função simples no organismo: impedir com que o “grupo farnesyl” se ligue à proteína Prelamina A. Entretanto, a mutação no gene de cada célula não pode ser revertida, mas as células podem não ter mais suas funções tão fortemente prejudicadas pela proteína modificada.

Análise de células epiteliais em diferentes situações:  a primeira é uma célula saudável, a segunda uma célula afetada
 pela proteína Progerina, e a terceira é uma célula afetada pela Progerina tratada com FTI.


     Os pacientes foram medicados duas vezes ao dia, a cada quatro meses, durante dois anos e meio. E tiveram, entre as mais notáveis, as seguintes melhoras:
     
     - Aumento da a capacidade de ganho de peso: Um a cada três participantes do tratamento elevou o nível de ganho anual de gordura em 50%, ou, pelo menos, pararam de perder peso. Tais fatos aconteceram em razão do aumento de massa muscular e esquelética e na melhora do metabolismo.
      - Aumento da capacidade cardiovascular: 35% da rigidez arterial (ligada à arteriosclerose e derrame) foi decrescida, assim como a densidade das paredes dos vasos sanguíneos, no geral, foi aumentada.
     Tais melhoras mostram que a droga não somente atenuou os sintomas mais graves da síndrome, como também conseguiu reverter algumas de suas consequências.
     
     Após o sucesso do tratamento, a expectativa de vida dessas crianças aumentou. Aumentou também a curiosidade sobre o medicamento, já que o envelhecimento natural tem influência da Progerina ao passo do avanço da idade.

Por Lucas H.

Fontes:
http://www.medicalnewstoday.com/articles/250725.php
http://www.medterms.com/script/main/art.asp?articlekey=5058
http://mutacoesgeneticas.blogs.sapo.pt/4629.html

Cofira no link abaixo, uma reportagem sobre o garoto brasileiro afetado pela Progéria: 
http://m.g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2012/10/crianca-com-sindrome-rara-no-rn-sonha-em-viajar-de-aviao-e-ver-neve.html

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